A Vale, em colaboração com a Cummins e a Komatsu, está avançando significativamente no desenvolvimento de um motor bicombustível — etanol e diesel — destinado a caminhões de grande porte usados no transporte de minério. O projeto busca reduzir de forma expressiva as emissões de carbono na cadeia logística da mineração.
O protótipo, atualmente em fase de testes no Brasil, deve iniciar operações comerciais a partir de 2025. Segundo especialistas da Vale, a tecnologia permitirá reduzir até 30% das emissões de CO₂ em comparação aos modelos convencionais movidos exclusivamente a diesel.
“Estamos comprometidos em descarbonizar nossas operações e inovar no transporte pesado. O motor bicombustível é uma solução promissora para reduzir emissões sem comprometer a robustez operacional”, afirma Rodrigo Puga, gerente-executivo de engenharia de frota da Vale.
A escolha do etanol como combustível alternativo está alinhada às metas de sustentabilidade, considerando que o etanol brasileiro é produzido majoritariamente a partir de cana-de-açúcar, apresentando ciclo de vida renovável e baixa pegada de carbono. Isso representa uma vantagem significativa em relação aos combustíveis fósseis.
A Cummins, responsável pelo desenvolvimento tecnológico do motor, destaca que a adaptação de sistemas de injeção e controle de combustão foi um dos grandes desafios do projeto. “É uma inovação complexa, pois precisamos garantir performance equivalente ao diesel em condições severas, mantendo a confiabilidade exigida na mineração”, explica Carlos Guedes, diretor de engenharia da Cummins Brasil.
Já a Komatsu, parceira no desenvolvimento do chassi e integração do motor, reforça o compromisso com a viabilidade operacional e a segurança dos equipamentos. “O setor de mineração exige equipamentos robustos e adaptáveis. Nosso papel é garantir que essa nova motorização seja perfeitamente integrada às operações em campo”, destaca Mariana Soares, gerente de produtos da Komatsu Brasil.
O projeto faz parte do programa de descarbonização da Vale, que também contempla caminhões elétricos, iniciativas de eletrificação ferroviária e uso de combustíveis renováveis. A meta é reduzir em 33% as emissões de escopo 1 e 2 até 2030 e atingir a neutralidade em carbono até 2050.
Segundo a Vale, o sucesso do motor bicombustível pode revolucionar o transporte de carga pesada em mineração, servindo como modelo para outras indústrias. A empresa também planeja investir em infraestrutura de abastecimento de etanol nas áreas de operação, garantindo logística eficiente e redução de custos.
Com essa iniciativa, a Vale, a Cummins e a Komatsu reafirmam o compromisso de liderar a transformação energética na mineração, promovendo avanços tecnológicos que conciliem produtividade e sustentabilidade.
