Minha terra tão querida

Surpreendente a decisão do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) em parceria com o Ministério de Minas e Energia (MME) e a organização Agenda Pública, que pela segunda vez consecutiva premiou Itabira no concurso “Prêmio Municípios Mineradores”, na categoria Gestão.

A honraria, entregue no último dia 20 de março, em Brasília, reconhece as boas práticas da governança pública em cerca de 200 municípios mineradores do país. Mas estranho como essas instituições chegam a essa conclusão, quando o melhor termômetro de uma administração seria a opinião popular sobre o Executivo da cidade onde mora. Ela, a população, sim, é que seria a voz da verdade, ouvida em pesquisas, para opinar sobre aquele que comanda seu município.

Quem são os “juízes” dessa “escolha”? Quem delegou a eles o poder de avaliar uma administração à distância, sem que tenham sequer colocado os pés neste solo, sentirem o incômodo dos buracos nas ruas, por exemplo, e, pessoalmente, tirarem suas conclusões? Seriam dados da própria administração, em seu portal de notícias que os levou a essa errônea e descabida avaliação?

É no mínimo uma aberração premiar a incompetência do atual prefeito de Itabira, aplaudindo o desserviço que este vem prestando aos mais de 120 mil moradores do município. Uma pesquisa junto a moradores locais, sim, é que poderia dar um veredito mais justo, mais honesto, a essa questão.

Quem anda pelas ruas de Itabira, mesmo a pé, não consegue esconder a decepção com o atual gestor; por todo canto que se vai, vê-se sujeira e buracos por todos os lados. Na questão da saúde os números são assustadores, com o hospital municipal não comportando as centenas de pacientes que procuram por assistência médica. Os postos de saúde (PSFs), alguns estão precisando de reformas, com infiltrações de água no interior, impossibilitando um atendimento de qualidade aos pacientes, dificultando ainda o trabalho dos heroicos servidores locais. E também a insolucionável questão da água, escassa e infectada com clorofórmios fecais, dentre tantas outra mazelas públicas…                                                                                                                                                                                      Embora tenha acenado com promessas de uma sustentação de Itabira pós exploração mineral, não se vê algo de concreto que possa nos fazer acreditar que não corramos o risco de um colapso. Nada foi feito até agora que possa trazer esperança de sobrevivência da cidade, depois que a exploração do minério se esgotar, e o final está próximo. A previsão mais otimista é que se torne ínfima ou até mesmo acabe a extração mineral até o ano de 2030.

Para a população que votou acreditando nesse prefeito, a decepção é certamente maior, já que até o tão esperado “metrô” prometido em seu panfleto de campanha, não passou de um engodo, tão conhecido no meio policial como artigo 171, nesse caso, um golpe eleitoral, enganando o eleitor, assaltando-o da esperança até então ainda não cumprida e até mesmo por alguns já esquecida, pois afinal, convivemos e já nos habituamos com o fato de que a memória do eleitor é curta, infelizmente, fato com que se deleitam os candidatos mal intencionados.

O vultoso valor do precioso royalties que hoje é o grande quinhão que entra para os cofres da prefeitura, vai, lamentavelmente, quase zerar a partir do ano de 2030. Há exemplos de municípios que perderam receitas de empresas que saíram da cidade ou faliram, deixando o caos instalado, são muitos. Não tão distante de nós, a cidade de Caeté é um grande exemplo para os itabiranos.                            Mas o prefeito aqui festeja. Faz festa. Faz festa. Festa. Festa, quando deveria estar se preocupando com o quadro aterrorizante que pode estar se aproximando do munícipe itabirano. Mas o povo pode sim corrigir isso, daqui a uns meses. Já, já, chega outubro, vem novas eleições para reparar o erro, aí é a hora da cobra fumar e fazer o voto itabirano desta vez ser valorizado e respeitado na condução do próximo mandato.

Editoria.