Negritude (Em desagravo ao Prof. itabirano Júlio Rodrigues)

José Francisco de Brito – ( Chico Brito – O Retinir do Malho na Bigorna)

Ah, o estigma!

Ah, a dor e a lembrança do degredo

e o prazer supremo do perdão!

Enquanto passas na vida

lambo no rosto o sal de meu suor

e o meu peito desfaz a roupagem de heras

para se expor, magnífico, ao sol.

Ritmo de tambor, Senghor, Tantãs,

compasso fundo de meu coração.

Tudo são evidências de existir, de amor.

Não tenho riquezas, não tenho medos,

não tenho segredos,

a não ser este singelo sol interior

e a volúpia de meus pés desnudos

dia após dia integrando-se a este chão.

O meu passado

engrossa minhas veias como lodo:

vertiginoso, perigoso, puro,

e este fio fino é o que detém ainda

a invasão da loucura.

(Em desagravo ao Prof. itabirano Júlio Rodrigues)